A Ana gostava de pensar um pensamento. Pensava num pensamento e depois entretinha-se a ver se descobria o que ele queria dizer. Havia pensamentos que queriam dizer coisas engraçadas. Alguns não queriam dizer nada e não diziam; outros queriam dizer. Uma vez um pensamento queria dizer nada. Outro pensamento queria dizer «Textualmente». Como o que a Ana gostava mais era de pensamentos disparatados e como o pensamento que queria dizer «Textualmente» não tinha nome, a Ana pôs-lhe o nome de Abduldois. E quando ia passear pensava muitas vezes no Abduldois.
Ora um dia a Ana (...)
Abdulum & Abduldois
in O Têpluquê e outras histórias de Manuel António Pina
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